Quando a criança foi deixada naquele amplo quarto, onde o que fazer não lhe faltaria e novidades estariam sempre chegando, somente um único pedido foi feito.
- Mantenha as janelas fechadas. Você não sairá do quarto sem que a viúva venha lhe chamar para ser a sua companhia. E não adiantará ver as coisas que acontecem lá fora, se forem da sua conta você saberá.
Apesar de achar a ordem estúpida, havia naquele quarto tantas coisas novas ou não pra fazer que resolveu obedecer. E com o tempo a própria existência da janela foi esquecida.
Um dia, sentada na sua cama, pensando no que fazer lembrou-se novamente da janela. Foi quando as sombras e sons vindos de fora vieram aos seus sentidos e a vontade de abri-las impulsionou seu salto naquela direção.
As janelas foram facilmente abertas e o único problema era estar tão desabituada com a luz natural vinda de fora do aposento, tornando as imagens muitas vezes turvas. Mesmo assim alguma coisa se via e com o tempo elas passariam a serem nitidas.
Depois de algumas horas na janela, talvez mais, já que a noção de tempo se perdeu, ela se lembrou do aviso. A criança por desobediência impulsionada pela curiosidade perdeu-se no tempo. O mundo lá fora nada mudou, as coisas que eram de sua conta chegaram na hora certa, mas as aflições sobre estas novidades começavam antes mesmo de se tornarem reais e as coisas presentes no quarto perderam a atenção. E o quarto se transformou em caos.
*E eu sou uma criança curiosa.*
quinta-feira, outubro 17, 2002
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